quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Ficar do Verbo Ser
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Abobalipse
Em tempo, o fim do mundo podia ser logo aqui:
No tempo em que minhas lágrimas pingavam como meias molhadas que insistem em não secar e, ainda assim, são postas pra dentro da mala (meia torcida, meio distorcida).
No tempo em que a saudade me fitava de longe com um olhar obsceno, uma cara de quem ia me pegar de jeito e me deixou com medo (foi o jeito...).
No tempo em que meu celular gritou palavras de carinho e consolo. Palavras de outros. Outros carinhos.
No tempo em que eu segurava com desespero os ponteiros do relógio enquanto as horas eram escarreiradas, o dia se despedia esbaforido e a noite já vinha a me cutucar os ombros.
No tempo em que o diálogo não era porque estava nervoso demais para ser. E não concluía, pois já estava no fim.
No tempo em que planos, horas, dias, risos e choros foram separados em dois e encarcerados numa mala vermelha que era pesada demais, já que se levava nas costas um mundo partido no meio.
No tempo em que, diga-se de passagem, meio mundo ia pra longe.
Na noite em que os pingos caíam agudos e crônicos dos olhos e dos céus.
No dia que podia ser o fim do mundo.
E que o mundo é o fim!
Mas, enfim, não podia!
Afinal, era, apenas, o fim de um dia de segunda-feira...
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Sede de sangue
(Leia-se TPM! Leia-me TPM!)

Poema ulcerado
Estive, aqui, a pensar se escrevo
E vi-me a rir e a perguntar se me leria
Similar, já sei que sou
E sei que sempre o seria
Pois tenho úlcera do mesmo de sempre
Busco ecos do que me faz gosto
Ou será que rumino feridas
Que encontro em meu corpo, caídas,
Com as marcas do amargo, então, posto?
Ou será um dedo na ferida marcada
Casca aberta e estancada
Líquida e sóbria?
Chega de tudo!
Chaga de nada!
Esse tempo é repetido
Faz meu ego distraído
Faz de prego a minha andada
Cravo na carne o caminho
Esmago vestígios de indício
Prezo a manutenção do que foi
Transformo em desejo mesquinho,
Mantenho a vertigem e o vício
Faço ensaios curativos
Abuso de toda casca superficial
Abuso de mundo, enjôo de vento
Aborreço tumor, tachado, sangrento
Me viro de tacho e vomito o final.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Um fim aos começos

Sim! Preferi não-começar as coisas com um não-começo. Nada mais natural, afinal, não saberia definir por qual começo deveria começar. O começo de mim? O começo do Universo? O começo dos sonhos? Dos astros? Dos deuses? Dos mitos? Seria o começo um pré-requisito pra existência? Então, algo que não começou não pode existir? Como pode? Quando pode? Quanto? Quanto aos sonhos? Qual o começo de um sonho? Quanto aos deuses? Qual o começo de um deus? Quanto às vidas? Qual o começo de uma vida?
Olha quantas!
Pra mim, esse moço chamado "começo" não existe, de fato! Já eu, talvez exista. Posso existir, até mesmo antes do momento que a senhora minha mãe passou a sonhar com o seu primogênito. O que ela não imaginou foi que o "ser primeiro" do seu ventre teria a ousadia de deixar expostas e escondidas, em rede pública, suas pessoas, suas vidas, seus não-começos, seus fins, suas idéias, a falta delas, os sonhos, as paranóias, as belezas, as fraquezas, as feiúras, seus fragmentos, suas completudes, suas ordens, desordens, desistências, persistências e reticências...
Por fim, eu (a primogênita, as primeira pessoas) posso também, ser um sonho que nunca começou...
Portanto, o melhor a fazer é esquecer os começos.
E que venham os meios, já que os fins os justificam!
*Figura retirada de qualquer site sem qualquer permissão