sexta-feira, 26 de setembro de 2008

SolA Sol


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Basta pôr os pés e a cabeça nas nuvens e dá pra sentir quanto o caminho muda e quanto faz falta sujar os pés em lugares conhecidos.
Passo a passo.
Passo e passo...

- Quanto falta pra chegar em algum lugar? – pergunto eu.
-“Bastante!” – algo responde.

Alguma coisa já andou, alguma terra já me guardou, mas os pés ainda não estão bem sujos. Bem que eu queria!
Mas passo...
E penso que tem muito chão pela frente e muito solo embaixo dos pés pra marcar com pegadas. Tem muito sol em cima da minha cabeça e muita terra pra guardar nos meus pés.
Eu passo por esse solo. Eu me consolo.
Eu passo...
Caminhos que sou, caminho com os pés buscando, em silêncio e sem pegadas, outros chãos.
Mantenho o pó dos chãos que pisei na sola do pé. Mantenho o pé no chão que pisei cheio de pó.
Caminho com a sola. Caminho consola...
Passo...
Vou fazendo solo com a planta do meu pé. Consolada. Consolidada. Com sólido medo de espinhos.
E, ainda assim, passo.
Na minha, calçada, descalça.
Passo pra mim...

-“Calça os pés, menina!”

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Já Chega!



“Calma, alma minha! Calminha!”

A alma já chega!

Já chega de buscar, nos travesseiros, algum cheiro perdido!

Já chega de ser coberta de cheiros, só, guardados!

Já chega de tentar guardar na cabeça todas as coisas que quis compartilhar pra reproduzir o momento!

Já chega de tentar, nervosa, tirar da cabeça as dores que a saudade reproduz!

Já chega de lembrar, só, dos momentos que já foram juntos!

Já chega de tomar chuva sozinha e imaginar como seria mágico se estivesse acompanhada!

Já chega de acompanhar o Sol vindo e ver o sonho indo!

Já chega de imaginar, embaixo da lua, os toques com olhos em fumaça!

Já chega de soprar, desesperada, pra acender a brasa!

Já chega de acender o fogo e, com baforadas de mim mesma, espantar o frio!

Já chega de ver esfriarem as horas pra que os minutos passem mornos!

Já chega de olhar pro relógio pirracento com cara de poucos amigos!

Já chega! Já vai passar!

Já passa! Já vai chegar!

Chega já!

Chega já a minha tranqüilidade...

E vai trazer aqueles olhares que me dá e que são só pra mim...

Chega já a minha cumplicidade...

Vai fazer das nossas vozes ecos que são só nossos...

Chegam, já, os nossos ecos de quando estamos sós...

Chega já a nossa luz, que acende quando o mundo apaga.

Já vai chegar meu lampião, meu guia, meu compasso, minha linha.

Calminha...

Já vai chegar o meu eixo, o seu reflexo, o meu côncavo e o seu convexo.